Além do bullbaiting, que era uma atividade relativamente
recente, os tenazes mastins sempre foram utilizados em combates contra os mais
diversos oponentes. Os mais comuns foram leões e ursos, mas texugos e até
macacos foram utilizados neste insólito tipo de rinhas.
Registros
desses tipos de combate são quase tão antigos quanto seu emprego em guerras. Na
verdade, parece intimamente ligado às guerras. Na mitologia grega, vemos no
escudo de Aquiles a representação da vitória de seu cão sobre dois leões. O rei
persa Kambyses, o mesmo que já utilizava cães em seu exército e reinou de 529 a
522 A.C., possuía um cão que iniciou um combate contra dois leões adultos.
Alexandre, O Grande, rei da Macedônia de 356 a 323 A.C., foi apresentado na
Índia a cães que combatiam com sucesso contra leões e mantinham a presa
enquanto eram mutilados. A tenacidade dos cães era tal que o rabo, as patas e
finalmente a cabeça eram sucessivamente decepados a espada sem que o cão
largasse o leão. Estes são os principais relatos da antigüidade do eterno sonho
de possuir um cão invencível e leal, capaz mesmo de derrotar a maior das bestas
– o leão. Obviamente, fábulas e exageros foram incorporados a muitos relatos
LUTA CONTRA LEÕES
Passando para a Inglaterra medieval, o centro europeu de
lutas de animais da época, encontramos as lutas como um dos principais
entretenimentos da corte, intimamente ligado às caçadas. Aqui, a principal
presa era o urso, sendo o primeiro registro histórico baseado em documentos do
bear baiting datado do ano de 1050. Leões também eram ocasionalmente
utilizados, pois eram um presente muito apreciado pelas cortes européias. Há um
relato de que o Rei James I patrocinou uma luta entre um leão e três mastiffs
no final do século XVI, dos quais um sobreviveu.
Tanto a Rainha Elizabeth quanto seu sucessor James I eram
grandes adeptos dos blood sports. A rainha criava seus próprios mastins e o
segundo instituiu o cargo de Master of the Game Beares, Bulles and Dogges. Eram
encargos do Master todas as lutas de animais da corte, bem como a aquisição,
criação e reprodução dos animais, recebendo um provento anual de 450 libras,
uma verdadeira fortuna para a época. A pedido do rei, vinte fêmeas de mastiff
eram mantidas na Torre de Londres como base da criação real de bear dogs.
O bear baiting logo passou a ter regras escritas e um
grande número de arenas surgiu em Londres. A mais antiga de todas foi,
provavelmente, o Old Bear Garden, cuja primeira referência é de 1574. Era
situado bem no centro de Londres e ainda existe hoje como Bear Garden Museum.
BEAR BAITING
Após a subida ao poder de Oliver Cromwell (1599 – 1658),
os Puritanos baniram as brigas de animais. Mais tarde, após a Restauração, os
combates ressurgiram com maior popularidade ainda, encontrando mais e mais
adeptos, principalmente entre as massas.
A popularidade dessas lutas só pode ser entendida como
fruto da paixão dos ingleses por apostas e jogos de azar. Os espectadores
apostavam se um determinado cão conseguiria pegar o urso pelo pescoço, quanto
tempo manteria a presa etc. Existiam planilhas de apostas, onde eram
contabilizadas tanto as performances anteriores do urso quanto as do cão. Os
ursos eram criados profissionalmente no Bear Garden e os donos dos cães pagavam
para lançar seus cães contra eles. Somadas aos ingressos, eram uma considerável
fonte de renda, que poderiam gerar pequenas fortunas.
Ao que tudo indica, estes tipos de lutas praticamente
desapareceram por volta de 1825, quando as lutas contra touros eram a atração
principal.
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