Como visto, os ancestrais imediatos do Pit Bull foram os
pit fighting dogs importados da Irlanda e Inglaterra a partir de meados do
século XIX.
Na América, a raça começou a divergir ligeiramente do que
estava sendo produzido naqueles países de origem. Os cães não foram utilizados
apenas para rinhas, mas também como catch dogs – presa de gado e porcos
desgarrados – e como guardas da propriedade e da família. Daí começaram a ser
selecionados cães de maior porte, mas esse ganho de peso não foi muito
significativo até cerca de 20 anos atrás.
Os cães irlandeses, os famosos Old Family Dogs, raramente
pesavam acima de 12kg e cães de 7kg não eram raros. O anteriormente citado
LLoyd’s Pilot pesava 12kg. No início do século, eram raros os cães acima de
23kg. De 1900 a 1975, houve um aumento pequeno e gradual no peso do Pit Bull,
sem que houvesse perda de performance no pit.
Nas mãos dos criadores americanos, o Pit Bull se
popularizou a ponto de ser símbolo dos Estados Unidos na 1ª Guerra Mundial.
Homens como Louis Colby, cuja família mantém até hoje uma tradição de 109 anos,
C.Z. Bennet, fundador do United Kennel Club (UKC) e Guy McCord, fundador da
American Dog Breeders Association (ADBA), foram fundamentais na consolidação da
raça.
Sua popularidade atingiu o auge na década de 30, quando o
seriado infantil Little Rascals era estrelado por Pete, um Pit Bull: era o
cachorro favorito de 10 entre 10 crianças americanas. Esta projeção levou
finalmente o American Kennel Club (AKC), após anos de pressão a reconhecer o
Pit Bull com o nome de staffordshire terrier, para diferenciá-lo dos cães
voltados para rinhas. Este cão é hoje o american staffordshire terrier, tendo o
"american" sido acrescido ao nome original em 1972 para evitar
confusão com o staffordshire bull terrier.
Mas agora, quando a vasta maioria dos APBT não é mais
selecionada para a performance tradicional no pit (compreensível, já que o
processo seletivo em si – o combate – é crime), o axioma americano "bigger
is better" passou a valer para vários neófitos que se tornaram criadores,
aproveitando a popularidade da raça nos anos 80.
Isto resultou num aumento vertiginoso no tamanho médio do
Pit Bull, muitas vezes de forma desonesta, pelo cruzamento com raças como
mastiff, mastim napolitano e dogue de bordeaux. Alguns autores, como Diane
Jessup, sustentam que o american Bulldog nada mais é do que a fixação de
linhagens maiores de Pit Bull.
Outra modificação, esta menos visível, que vem sendo
introduzida desde o século XIX são os estilos de luta geneticamente programados
(tais como especialistas em orelhas, patas e focinho), função do nível de
competitividade que as lutas atingiram.
A despeito de tais modificações, a raça tem mantido uma
notável continuidade por cerca de 150 anos. Pinturas e fotos do século passado
mostram cães idênticos aos dos dias de hoje. Embora pequenas diferenças possam
existir entre algumas linhagens, no geral temos uma raça que, ao contrário de
muitas outras ditas "reconhecidas", está consolidada há mais de um
século.
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