Evidências da popularidade do bullbaiting séculos atrás
ainda podem ser vistas em várias cidades da Inglaterra. Em certas cidades, como
Birmingham e Dorchester, os nomes de algumas ruas se referem à proximidade da
arena. Em outras cidades, arenas de touros estão preservadas.
Esta atividade, embora nos pareça repulsiva, era outrora
bastante apreciada. Senão, vejamos:
- O primeiro registro de bullbaiting é de 1209. O Lord de
Stamford, fascinado pela cena de um cão subjugando um touro no pátio de seu
castelo, determinou que, a partir de então, seis semanas antes do dia de natal,
um touro deveria servir de presa para os cães para que o "esporte"
continuasse para todo o sempre.
- Em 25 de maio de 1559, embaixadores franceses foram
recebidos pela Rainha Elizabeth com um jantar seguido de lutas de cães com
touros e ursos. Gostaram tanto que repetiram a dose no dia seguinte.
- Cerca de 25 anos depois, a mesma Rainha Elizabeth recebeu
o embaixador dinamarquês com cerimonial idêntico.
- O Rei James I continuou a tradição da Rainha Elizabeth,
recebendo a corte espanhola no início do século XVII com uma programação
especial de baiting que incluía touros, cavalos e ursos. O encerramento foi com
um urso branco lançado ao Tâmisa, para que os cães o atacassem nadando.
- O Rei Charles I, filho do Rei James I, também foi um
ávido adepto dos blood sports. No reinado da Rainha Ana (1665-1714), tais
espetáculos continuaram a ganhar popularidade.
O bullbaiting era uma atividade tão entranhada no dia a
dia que alguns distritos possuíam leis proibindo a venda de carne de boi que
não houvesse passado pelo baiting. Acreditava-se que assim a carne ficava mais
macia e nutritiva!
À vista das touradas, que ainda hoje mobilizam multidões,
a prática de deixar um cão derrubar um touro pelo nariz pode não parecer tão
cruel assim. Só que o "esporte" não consistia apenas em deixar um cão
derrubar o touro antes deste ser abatido. Havia requintes de crueldade como os
descritos a seguir:
- Vários cães eram utilizados, o que torturava o touro à
exaustão.
- Quando o touro caía de cansado, eram acendidas tochas
em baixo dele para que ficasse de novo em pé.
- Touros mais lentos ou cansados tinham seus rabos
torcidos até que se quebrasse.
- Outro artifício para "tornar o touro mais
ágil" era espetá-lo com lanças.
- Há um relato de que, em 1801, um touro teve seus cascos
decepados. O evento foi documentado por um historiador, mas não se sabe quantas
vezes essa atrocidade ocorreu ou mesmo se era comum.
- Vários cães também eram perdidos, atingidos pelos
chifres do touro ou pisoteados. Cães feridos, muitas vezes com os órgãos à
mostra, eram incentivados a continuar atacando, sendo invariavelmente
pisoteados.
- A história mais aterradora foi a de um açougueiro, que
levou uma fêmea já velha com a ninhada para o evento. Quando a cadela dominou o
touro, o açougueiro decepou suas patas com um cutelo sem que ela largasse o
touro. Os filhotes foram imediatamente vendidos por uma soma considerável.
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